Quando o assunto é logística, a cabotagem é um modal que tem ganhado força e vem crescendo de maneira sustentada a dois dígitos ao ano na última década. Apesar dos efeitos da pandemia, cerca de 1 milhão de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 mil pés) foram transportados por navios porta-contêineres, em 2020, de acordo com a Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem – ABAC, ligando o país de ponta a ponta, por meio dos portos brasileiros.
De certa forma, este crescimento contínuo é reflexo de uma aposta no modal que se iniciou no final dos anos 90, com objetivo de implementar no mercado um serviço de cabotagem porta a porta. A novidade chegou para estimular a competição e criar uma alternativa ao transporte rodoviário. Desde então, duas décadas se passaram e o modal tornou-se uma realidade. Atualmente, mais de 20 navios operam rotas regulares em toda a costa brasileira em operações que vão muito além do transporte propriamente dito e complementado por serviços adicionais como armazenagem de carga, transporte terrestre e gestão logística.
Os avanços estruturais e tecnológicos do setor atraíram os olhares do mercado varejista, que passou a embarcar de forma relevante na cabotagem contribuindo significativamente para o crescimento do modal. Quando cito o varejo, me refiro às grandes redes de supermercados, atacadistas, magazines, home centers, etc. Isto significa que muitos produtos que temos em casa certamente passaram pelos contêineres transportados ao longo da costa brasileira. Vale ressaltar que este é um segmento altamente exigente e que demanda um elevado nível de atendimento, o que faz com que as empresas precisem estar constantemente atualizadas para suprir esta nova demanda.
Atenta a este cenário, a Log-In desenvolveu, no ano passado, a plataforma digital Log-Aí, em que o cliente tem acesso seguro e completo à gestão de todas as cargas transportadas, desde o pedido até o comprovante de entrega. O desenvolvimento da plataforma contou com a participação de alguns clientes que apontaram suas dificuldades durante o processo logístico e deram sugestões de melhorias. Um deles foi uma gigante brasileira do segmento de Atacado e Varejo. Iniciativas assim possibilitam ampliar as oportunidades dentro deste importante mercado e entregar um nível de serviço cada vez mais exigido pelos clientes.
As empresas que investem em inovação podem sentir a assertividade destas decisões ao receberem retornos positivos em relação aos resultados. Somente no ano passado, 130 novos clientes testaram o transporte multimodal pela primeira vez com a Log-In. Destas empresas, grande parte está inserida no setor varejista onde fazemos a entrega da mercadoria em um centro de distribuição indicado pelo cliente, ou mesmo diretamente em uma loja onde os produtos vão direto para as gôndolas.
Não tenho dúvidas em afirmar que o cliente que substituir parcialmente sua logística pela cabotagem passará a obter ganhos diretos e indiretos relevantes em seu custo logístico total. Isso representa uma economia que vai desde o frete até o seguro da carga, passando por redução significativa dos níveis de avarias e eliminando boa parte da necessidade de logística reversa.
Quem também se beneficia com a adoção da cabotagem é o meio ambiente. O transporte marítimo é um modal extremamente sustentável com níveis de emissão de CO² três vezes inferior ao tradicional transporte rodoviário. Ou seja, a emissão de gases poluentes chega a ser 300% menor se comparado ao transporte dessa mesma carga transportada por caminhões. As vantagens aparecem também no consumo de combustível, o bunker, que pode ser até oito vezes menor se realizarmos a mesma comparação com o diesel utilizado pelos caminhões, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC).
As empresas com responsabilidade socioambiental, que prezam a sustentabilidade de seus negócios e possuem estratégias bem definidas de ESG (do inglês Environmental, Social and Governance) – aspectos que regem sua conduta nas áreas ambiental, social e de governança -, certamente optarão pela cabotagem como forma de atingirem suas metas estabelecidas no programa. A adoção de um modelo mais sustentável para a cadeia logística é uma mudança cultural e urgente para as empresas.
Maurício Alvarenga é diretor comercial da Log-In Logística Intermodal